quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Notícia Curiosa

Saiu já quase há um mês, uma notícia que guardei para que, quando tivesse tempo escrevesse sobre ela. Esta é sobre os comentários de um ex-ministro adjunto do guterrismo acerca da balda generalizada dos deputados da assembleia da república (AR) numa 6ª-feira no início de Dezembro.

A notícia é maioritariamente composta por citações retiradas do blog de António José Seguro, pérolas essas que tentaremos interpretar e comentar.

O título da Notícia era "António José Seguro: "percepção de que os deputados são absentistas adensou-se"".
Discordo, toda gente sabe, e agora até pode ver, que aquela malta não falta ao seu trabalho, levam o jornaleco ou então dormem um soninho que faz sempre bem. Absentistas não, inúteis é provável.

Ele prossegue: “Entre Setembro de 2007 e Julho de 2008, a percentagem de faltas, justificadas e injustificadas, dos Deputados foi inferior a 9%, nas 109 reuniões plenárias efectuadas”.
Fantástico, qualquer empregador sonha em ter pessoas tão empenhadas. Ora vejamos, imaginemos que temos 100 deputados:

109 x 100= 10900 x 9%= 981 faltas

Primeiro, destaco o “elevadissímo” número de reuniões que ocorreram em 11 meses. De facto não se pode chamá-los de absentistas, se fossem 100 (não nos podemos esquecer que são mais do dobro!), em 11 meses, só se teriam baldado 981 vezes. Ok, algumas serão justificadas, mais que não seja à posteriori depois de estalar o verniz. Cá para mim, se fosse patrão deles dava-lhes um aumento.

Mais adiante, “Ora, os deputados ausentes (alguns em trabalho parlamentar) das votações correspondem a cerca de 20 por cento dos parlamentares. Pergunto: pode o Parlamento português ser prejudicado por causa de, no máximo, um quinto dos seus membros? A resposta é obviamente que não".
Obviamente? Esta malta é muito à frente.
Ora então eu só devo pedir contas a cada um dos deputados, ou será que também um correcto funcionamento da AR deveria impedir este tipo de acontecimentos? Será que já todos se esqueceram da balda generalizada aquando da viagem a Sevilha para ver um jogo de futebol? E já agora qual é a percentagem a partir da qual o Parlamento Português pode ser prejudicado? Uma coisa é certa, para o vosso empregador, nós, uma balda é o suficiente para nos sentirmos lesados.

Numa empresa com 1000 trabalhadores, se um dia faltarem 200 e noutro 100 e noutro 150, e nada lhes acontece, será isso um problema só desses trabalhadores ou haverá aqui alguma coisa na empresa que não está bem? Cá me parece que também a estes lhes daria um aumentozinho pelos bons serviços prestados.

Prosseguindo, "a responsabilidade não é do Parlamento, mas sim de cada um dos deputados que faltaram injustificadamente à votação".
Pois, cada um é responsável pelos seus actos, mas também me parece que deva ser dever da AR (ou do governo!) verificar quem cumpre com os seus deveres e tomar medidas contra quem não cumpre evitando passar a imagem de balda generalizada.

Para mim, o mais grave disto tudo é que, salvo honrosas excepções, todos os partidos se viram envolvidos nesta balda o que é bem o reflexo do estado da classe política em Portugal.

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