sexta-feira, 12 de junho de 2009

The Reader

Recordação n.º 2.

The Reader é mais um filme cujo pano de fundo é o holocausto, não sendo por isto original, faz aquilo que alguns dos filmes mais recentes sobre esta temática têm feito: não discorrer exactamente sobre a guerra mas sobre uma pequena história paralela.

Kate Winslet tem neste filme uma actuação brilhante, mais uma na sequência de outras como em Little Children (uma grande pérola de Todd Field de 2006) e Revolutionary Road, isto só para citar os 2 últimos filmes que vi desta Sra.. Foi com o desempenho neste filme que ganhou o óscar (após outras 5 nomeações sem sucesso!), que quanto a mim é muito merecido.

É muito complicado falar deste filme por 2 motivos: primeiro porque se revelar muita coisa estrago o visionameno e segundo porque me causa sentimentos ambíguos, deixa-me em conflito com os meus valores.

Citando um amigo: o filme é "o retrato de uma paixão fugaz, com sentimentos que perduram ao longo de décadas" e onde a intimidade está sempre presente, e é explorada até ao ínfimo... e mais não digo para não estragar a boa surpresa que é ver este filme.

Este filme teve a capacidade de gerar em mim sentimentos muito díspares, capazes de me levarem a questionar a minha forma de pensar. Ao longo do filme, e de forma bastante súbtil, há uma humanização de verdadeiras atrocidades, há como que a apresentação de atenuantes, desculpas e motivos para actos monstruosos, a mostrar que o mundo não é a preto e branco, por muito que isso me custe.

O grande senão deste filme é a caracterização que, após visionamento do The Curious Case of Benjamim Button, apenas pode ser apelidada de horrível, muito para lá do péssimo.

Revolutionary Road

Aqui vai então a primeira recordação.

Revolutionary Road é um filme muito intenso, que nos envolve exige a atenção e que nos faz pensar em nós e naquilo que ambicionamos.

Um enredo que nos mostra a típica sociedade americana dos anos 50: um casal, a viver nos subúrbios de Nova York, em que o marido trabalha na grande cidade e esposa é dona de casa. Este carácter uniformizador de expectativas, pessoas e vidas que o sonho americano promove é explorado intensamente ao longo do filme.

De salientar 3 óptimas interpretações: Kate Winslet, Leonardo DiCaprio e Michael Shannon. Este último dá vida a John Givings , um enorme catalisador do filme pois cada vez que este personagem surge o enredo muda de direcção e o drama intensifica-se.

P.S.: Pena ter tido a infelicidade de partilhar a sala com um bando de selvagens inergúmenos, cuja adolescência, não justifica a sua incapacidade de ver um filme e respeitar quem estava interessado em o ver.

A ausência!

Caros leitores, como por certo terão reparado, há muito que nada de novo surge neste estaminé. Será que fechou? Não. Entendam a ausência como um interregno, longo é verdade, mas inevitável para quem tem outros afazeres.

Assim sendo, e porque o interregno não se limitou ao blog, estendeu-se também ao visionamento de bom cinema, tenho na minha mente uns quantos filmes pendentes de que vos irei falar... neste caso recordar. Tentarei ser breve nas recordações!

Ora estão vamos lá que a gerência tem novidades...

terça-feira, 24 de março de 2009

Slumdog Millionaire

Começando por dizer que gostei de o ver e que o acho um óptimo filme, também acho que tanto prémio e tanto louvor me parecem francamente exagerados. De salientar que, a opção inicial de lançar este filme directamente para o mercado de DVD's teria sido um erro enorme, ainda bem que assim não foi e que pudemos apreciar esta boa película nas nossas salas de cinema.

A forma de contar a história é muito original e foi bem conseguida ao longo de todo o filme, captando sempre a atenção do espectador. Mas se isto é verdade, também o é que o enredo tem uma base bastante tradicional e de certa forma até banal; o miúdo pobre que no fim acaba rico e com o amor da vida. Talvez por isso tenha ganho tantos prémios, pois encaixa bem no perfil que Hollywood gosta de premiar.

Para um filme que supostamente tenta mostrar o lado sujo e desumano da Índia, houve demasiada "limpeza" da realidade indiana, está demasiado polida. E é aqui que o filme mais me incomoda, a realidade mais dura e crua da Índia é escondida, o que torna o filme de certa forma um pouco desonesto.
Para além disto, o filme actua apenas como um espelho onde se reflecte a miséria e a degradação humana mas nunca se percebe o que está na sua génese, nunca é interpretada ou percepcionada
(se calhar também não era esse o objectivo!), apenas passa pelos ecrãs. Imagens de miséria, fome, pessoas que abusam e usam crianças e criminosos com sede de poder, infelizmente, com maior ou menor grau de impacto visual, existem em todos os países do mundo. Estes problemas na Índia tem raízes culturais e sociais muito grandes e, é na mentalidade e na aceitação de determinadas condições de vida que residem os principais problemas, situações que durante o filme não são bem exploradas apesar das imagens. Teria sido excelente ir um pouco mais além das imagens, ter mostrado um pouco da essência de tudo o que é mostrado... mas se calhar também não era esse o objectivo!

Outra coisa de que não gostei particularmente foi do final, o bem vence o mal perece e bla bla bla... Acho que este final retira algum do valor do filme porque o desadequa da realidade. O mundo não é preto e branco, tem vários tons de cinzento, e as histórias de felicidade total e completa são tão raras como muitos fenómenos cósmicos.
Claro que isto não passa de opinião pessoal, mas pintar o mundo cor-de-rosa para mim não é particularmente interessante.
Como contraponto, recomendo o visionamento de Born Into Brothels, um documentário muito interessante sobre a vida de miúdos filhos de prostitutas na Índia.

Este filme foi o justo vencedor de algumas categorias nos óscares (outras nem por isso!) e
Danny Boyle teve neste filme o reconhecimento que faltou em Trainspotting. Um filme que vale a pena ver porque apesar de tudo é muito bom, porque tem a capacidade de prender o espectador ao ecrã e para muitos será uma boa fonte de inspiração, para que possam sorrir perante as dificuldades da vida.


Slumdog Millionaire - Danny Boyle (2008)

P.S.: O que é que foi aquela cantoria e dança no final? Menos mal que foi nos créditos finais e não interfere em nada com o filme, mas lá que foi uma parvoíce isso foi.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Milk

Milk é um excelente biopic sobre a vida de um homem que soube ser um cidadão de plenos direitos como poucos o ousaram ser. Harvey Milk foi o primeiro cidadão americano assumidamente homossexual a ser eleito para um cargo governativo público.
Durante o filme, fica a convicção de que Harvey era alguém com uma mentalidade avançada para o seu tempo. Dotado de uma inteligência e capacidade argumentativa ímpar, das quais nunca fazia uso por rancor ou vingança, utilizava-a de forma perspicaz e sempre com algum humor; algo que fica bem patente nas cenas dos debates. Aliás, nestas cenas, a argumentação utilizada por Harvey é de tal forma bem construida e adequada que se torna irrefutável por argumentos que venham do campo da razão com a premissa da igualdade de direitos.

Gus Van Sant decidiu cruzar imagens de arquivo com cenas filmadas dando um aspecto documental ao filme, mas estas nunca surgem de forma forçada ou desadequada. A integração e utilização das imagens reais imprime força e veracidade ao filme.

Sean Penn aparece num registo brilhante e, na minha opinião de leigo interessado, merecedor do óscar. O trabalho de Penn é excelente pois durante o visionamento apenas percepcionamos Harvey Milk. Tudo foi trabalhado ao pormenor (voz, tiques, postura, etc) até que o actor desaparecesse completamente no personagem.
De salientar ainda o trabalho do restante elenco que não destoa do trabalho do actor principal. Emile Hirsch, protagonista daquele que foi para mim
o melhor filme a estrear em 2008 (Into The Wild), volta a ter um bom desempenho, bem como Josh Brolin, que ultimamente prima por participar sempre em filmes interessantes.

Um filme com um tema tão actual e importante, que divide a sociedade civil em qualquer parte do mundo, gera sempre controvérsia e este não foi excepção. Milk não escapou às manifestações de repúdio e até na passadeira vermelha da cerimónia dos óscares houves protestos. Curiosamente, na sala de cinema a que fui houve um sr. de meia idade que não se absteve de fazer alguns comentários plenos de intolerância e preconceito.
Sinceramente não consigo compreender por que é que as pessoas não respeitam o direito à diferença. Se a sociedade aprendesse a respeitar as opções individuais de cada um certamente que todos seríamos pessoas mais felizes e educadas.

Este é um daqueles filmes que todos devem ver, mais que não seja porque é um grande trabalho de um actor e porque mostra aquilo que uma sociedade participativa e interveniente pode conseguir.


Milk -
Gus Van Sant (2008)

segunda-feira, 16 de março de 2009

The Boy in The Striped Pyjamas

Ora aqui vai mais um filme que tem como pano de fundo a 2ª guerra mundial e o holocausto. A história centra-se no dia-à-dia de um filho de um coronel nazi responsável por um campo de concentração, que a dado momento se torna amigo de um menino judeu preso nesse mesmo campo.
Esta amizade torna-se o motor da história, é ela que conduz todas as personagens até ao final.

Curiosamente este é mais um filme que não cede à tentação facilitista de impressionar pelas imagens, não mostra grandes imagens do campo de concentração, nem de grande violência gráfica. O filme é bastante súbtil sendo a violência sempre resultado da razão e não da observação.

Se tivesse de caracterizar o filme em poucas palavras diria que é "o despertar da razão" pois é esse o caminho que o filme percorre.

Apesar de não ser um filme genial tem um final muitíssimo bem conseguido. O realizador consegue fazer coincidir o final do filme com o clímax da história, e tudo isto sem o colar à tradicional realidade cinematográfica, o final é mundano e verosímil.
Á conta deste final, enquanto saía da sala e o revia na minha cabeça, fiquei literalmente arrepiado da cabeça aos pés ao cruzar a porta do cinema.


Vicky Cristina Barcelona

Confesso que não conheço muito sobre a filmografia de Woody Allen mas, depois deste filme acho que quero passar a conhecer, são 96 min de óptimo entretenimento e boa disposição.

Esta comédia louca e divertida está repleta de bons actores. Javier Bardem (Juan) aparece transfigurado, depois de Anton Chigurh o impiedoso vilão de No Country for Old Men, agora interpreta o papel de um artista plástico catalão, um mulherengo despreocupado com uma irascível ex-mulher. Scarlett Johansson (Cristina) é uma americana que vive para as paixões e para aproveitar a vida, e que ao visitar Barcelona acaba por fazer parte dum triângulo amoroso deveras complexo. Rebecca Hall (Vicky) é a outra americana que está de visita a Barcelona, esta por oposição à sua amiga Cristina, acredita no amor e na estabilidade e tenta escapar aos avanços libidinosos de Juan. Finalmente, Penélope Cruz (Maria Elena), o sal deste filme (sal mas pouco que isto agora tem regras!), é a ex-mulher de Juan: desiquilibrada, louca, genial e muito sensual.

O desempenho neste filme valeu a Penélope Cruz o óscar de melhor actriz secundária, que quanto a mim, que não vi os filmes de todas as nomeadas, me parece ser merecido. A constante alternância de idioma, de disposição, de estado de espírito e quase de personalidade que ela imprime à personagem é fenomenal.
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De salientar ainda a deliciosa e cuidada banda sonora deste filme, uma verdadeira pérola que complementa e compõe na perfeição toda a acção.

E já agora, querendo eu entrar no universo Alleniano o que é que me recomendam?
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Gone Baby Gone

Este filme, cuja estreia no Reino Unido foi adiada devido às várias semelhanças com o caso Maddie (incluindo a mini-actriz que interpreta o papel da criança raptada!), surpreendeu-me pela positiva. Ao contrário da telenovela de imprensa em Portugal, este filme é bom, é um daqueles que nos prende ao ecrã até ao último instante.

Vale a pena ver até pela boa performance de Casey Affleck que, dirigido pelo irmão, mostra que talvez venha a ser o melhor actor dos manos. Quanto a Ben Affleck quer-me parecer que caso a carreira de actor não funcione, poderá ter futuro como realizador.

Um bom filme, que nos interpela e deixa a pensar: E eu, que escolheria? que decisão tomaria? Afinal que futuro lhe preferiria oferecer?


Gone Baby Gone - Ben Affleck (2007)

domingo, 15 de março de 2009

Muitos Parabéns Florzinha!!!

Beijinhos

P.S.: E o que é que isto tem a ver com cinema? Nada, mas há que mimar as pessoas especiais nas alturas importantes!

sábado, 7 de março de 2009

Dan in Real Life

Uma recomendação do Tio Markl deve ser levada a sério e, quando ele diz que este é um dos melhores 20 filmes de 2008 não está a brincar. Ora eu não chego a tanto (e quem sou eu!), mas lá que gostei e muito de ver esta comédia romântica, gostei sim sr.!

Um filme açucarado (mas não meloso), inteligente e com óptimos apontamentos de comédia.

Com Steve Carrel a interpretar o papel de pai viúvo muito desajeitado com dificuldades em ultrapassar a morte da esposa e entender as 3 filhas, e, Juliete Binoche a espalhar charme e a ser o centro das atenções e confusões no seio da família, isto só podia resultar num filme muito bom.

Desde 2008 até agora já vi 3 bons filmes com Binoche, o último foi L'Heure d'été sobre o qual poderão ler aqui. Não há dúvida que a Sra. os sabe escolher e que o tempo tem sido generoso com ela pois contínua lindíssima.


Changeling

O mestre Eastwood não falha e mais uma vez realiza um grande filme que, injustamente foi quase ignorado nos óscares, podia por exemplo substituir muito bem o Curious Case of Benjamin Button na nomeação para melhor filme.

Filme duro, e até chocante, sobretudo por ser baseado em factos reais. A miríade de acontecimentos que se vão sucedendo são a todos os títulos surreais.

Filme com cenários e enquadramentos históricos que me parecem ser muito bons e, com Angelina Jolie a merecer grande destaque pela forma convincente como interpreta a mãe desesperada.

Não recomendo o visionamento a mamãs com filhos de tenra idade, sob pena de os cachopos começarem a ficar sob vigilância apertada ou então trancados às sete chaves sem ver a luz do dia.


Valkyrie

Este filme teve vários problemas durante a filmagem, a produção e a sua estreia acabou por ser adiada inúmeras vezes. Não estreou a tempo dos óscares e não fez falta porque é um filme morno, sem chama que nunca consegue prender o espectador ao ecrã.

A temática é interessante e as expectativas eram elevados mas o resultado é um filme "sensaborão" e decepcionante.

Tom Cruise interpreta um personagem forte, bem caracterizado e estilizado, que parece quase um "alien" no meio do filme. Depois do excelente pequeno papel em Trophic Thunder, Cruise volta a não desiludir. Não sei se é dos desvarios da cientologia, da Katie Holmes ou simplesmente da idade mas o que é certo é que as suas prestações e escolha de filmes tem vindo a melhorar.


Valkyrie - Bryan Singer (2008)


P.S.: Obrigado ao amigo Poli pela companhia.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Defiance

Bom filme baseado numa histórica verídica que nos dá a conhecer mais uma das muitas histórias de heróis incógnitos da 2ª guerra mundial, a dos irmãos Bielski na Bielo-Rússia.

Filme que coloca o ónus da acção na vida da floresta, evitando assim o lugar comum de mostrar as típicas imagens da 2ª Guerra Mundial.

Filme que conta com Daniel Craig no elenco a interpretar o papel de Tuvia Bielski, registo que não difere muito do típico durão a que o actual 007 nos tem habituado.

Dispensava-se a constante troca de idiomas e os sotaques forçados, se o filme não fosse falado em inglês seria igualmente bom.



P.S.: Obrigado Sofia pela companhia.

Os melhores de 2008

Ora aqui vai a minha lista dos melhores filmes estreados em Portugal em 2008 (isto com base nesta lista!) e tendo em conta que vi mais de 80 dos 235 filmes estreados nesse ano.

1º - Into the Wild
2º - WALL.E

3º - Darjeeling Limited
4º - The Dark Knight
5º - Juno
6º - Persépolis

7º - The Will Be Blood
8º - La Graine et le Mulet
9º - Atonement
10º - A Turma


Devo dizer que, após ter tentado fazer esta lista 3 vezes obtive sempre os mesmos 12 filmes (a acrescentar: Sweeney Todd - The Demon Barber of Fleet Street e Gomorra) e que, nem sempre esta foi a ordem em que ficaram. Assim sendo, a ordem destes 10 filmes é pouco importante pois facilmente a alteraria.

Tirando os filmes pastilha elástica e blockbusters pipoqueiros que tenho pouco interesse em ver (apesar de também ter visto alguns!), acho que vi uma porção bastante satisfatória dos bons filmes de 2007.
Como tal deixo aqui mais 20 títulos, por ordem de estreia, de que gostei muito, perfazendo os melhores 30 do ano:


- Charlie Wilson`s War
- Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street
- Gone Baby Gone
- Michael Clayton
- No Country For Old Men
- The Counterfeiters
- Sukkar Banat
- I`m Not There
- My Blueberry Nights
- Mio fratello è figlio unico
- Kung Fu Panda
- Aquele Querido Mês de Agosto (o melhor filme português do ano)
- Before the Devil Knows You`re Dead - Gomorra
- Bienvenue chez les Ch`tis
- Tropic Thunder
- In Bruges
- Blindness
- Son of Rambow
- Australia

Ok, eu sei que já é um exagero, mas como poder de síntese está de folga se puderem vejam também estes:
- 3:10 to Yuma
- In the Valley of Elah
- Burn After Reading
- The Air I Breathe
- Cloverfield

- Auf der anderen Seite
- Paris
- Tropa de Elite
- Dan in Real Life

Para finalizar saliento 2 filmes que injustamente não estrearam nas salas de cinema, estrearam apenas na minha sala. Estes 2 filmes mereciam ter estreado em Portugal pois são muito melhores do que algumas porcarias que tive a infelicidade de ver:
-Once
-Be Kind Rewind

Óscares - O Rescaldo

Pela primeira vez vi a cerimónia na sua totalidade e acompanhado de uns amigos. Quer-me parecer que este ano a cerimónia foi diferente e para melhor, ainda assim continua a ser excessivamente longa (e este ano até foi encurtada!).

Os meus prognósticos não estiveram mal, entre quem eu achava que ía ganhar e quem eu achava que merecia a coisa foi-se resolvendo, à excepção do filme estrangeiro que esse sim foi uma total surpresa.

Escolhi esta foto porque acho que este filme foi um dos mais injustiçados do ano. Um filme soberbo repleto de pormenores sublimes e mensagens importantes que passou ao lado dos vários prémios e, em Portugal, nem êxito de bilheteira foi (lançado a meio de Agosto seria de esperar!).

Para a malta que comigo viu os óscares e, que entrou no pequeno jogo de apostas que fizemos, aqui ficam os resultados oficiais:
G.D. - 15/24
M.F. - 12/24
R.T. - 10/24
M.F - 8/24
J.V. - 6/24
A.P. - 5/24
P.L. - 3/24

O prémio foi uma caixinha de ovos moles cuja intenção é ser dividida por todos... o 2º, 6º e 7º têm ainda de vir reclamar o seu prémio, e com alguma brevidade senão "desaparecem".

Um agradecimento especial à anfitriã e mestre de cerimónias que tão bem nos recebeu e brindou com uns petiscos. Obrigado Florzinha!

sábado, 24 de janeiro de 2009

Oscar - Os prognósticos

Então aqui vão os prognósticos e desejos para os principais óscares:


Best motion picture

Quem ganha: Slumdog Millionaire

Quem acho que merecia: Milk


Best Actor in a leading Role:

Quem ganha: Mickey Rourke

Quem acho que merecia: Sean Penn



Best Actress in a leading Role:

Quem ganha: Kate Winslet

Quem acho que merecia: Kate Winslet


Best Actor in a Supporting Role:

Quem ganha: Heath Ledger

Quem acho que merecia: Heath Ledger



Best Actress in a Supporting Role:

Quem ganha: Viola Davis

Quem acho que merecia: Penélope Cruz



Best Director

Quem ganha: Danny Boyle

Quem acho que merecia: Gus Van Sant


Best Screenplay

Quem ganha: Milk

Quem acho que merecia: WALL.E



Best Screenplay based on previous material

Quem ganha: Slumdog Millionaire

Quem acho que merecia: The Reader


Best Animated Film

Quem ganha: WALL.E

Quem acho que merecia: WALL.E



Best Foreign Film

Quem ganha: Vals Im Bashir

Quem acho que merecia: Vals Im Bashir

Coeurs

Para além do interesse despertado na altura da sua estreia, o facto deste filme ter sido eleito por um crítico de cinema (João Lopes) como um dos 10 melhores filmes estreados em Portugal de 2008, instigou a minha curiosidade e como tal decidi vê-lo.

Coeurs é um filme morno e parado com um enredo pouco complexo e algo confuso. Este filme acompanha a história de 6 personagens que acabam por se irem cruzando umas com as outras... o normal portanto!

Em termos técnicos o filme é interessante, as cenas são sempre curtas e com poucas personagens e a transição entre cenas é sempre acompanhada pela queda de neve, características que, por oposição à história, conferem algum dinamismo ao filme.

Certo é que não figurará nem no meu top 30 quanto mais no top 10 e, para filme francês, já vi bem melhores em 2008.

Coeurs - Alain Resnais (2006)

Die Fälscher

O cinema e actores europeus há muito que vêm conquistando o seu espaço, é disso um bom exemplo os 4 óscars para actores europeus em 2008.

Este filme, também ele "oscarizado", tem por base factos verídicos dessa temática incansável e inesgotável que é a 2ª Guerra Mundial e o Holocausto.

Um falsificador, o mais famosos do mundo de acordo o filme, é apanhado pelas forças nazis que o levam para um campo de concentração e o colocam, ou tentam, a trabalhar para eles falsificando libras e dólares.

O filme apresenta o choque entre o idealismo reaccionário, que advoga uma resistência inevitavelmente suicida por parte dos prisioneiros, e uma visão pragmática de sobrevivência, que admite que tudo se faça para sobreviver independentemente das consequências que daí advenham.

É um filme bom, com uma boa história e sem nada a apontar a actores pouco conhecidos (não sendo anglosaxónicos são geralmente sempre pouco conhecidos mas enfim!) mas que, para quem ganhou o óscar, parece pouco sobretudo se pensarmos que Persepolis, esse sim um filme soberbo, poderia muito bem estar nesta corrida.


Die Fälscher - Stefan Ruzowitzky (2007)

The Curious Case of Benjamim Buton

Após ter ido ver este filme ao cinema, honestamente não imaginava que ele fosse obter 13 nomeações para os óscars. Ok o filme é bom mas não é preciso exagerar, parece-me que muitas das nomeações não irão passar disso mesmo, à excepção daquelas que dizem respeito a elementos técnicos.

O filme trás-nos uma história inverosímil que até parece credível. Um ser humano que nasce velho e que com o passar do tempo vai ficando mais novo, enquanto tudo em seu redor envelhece e decai, incluindo a seu grande amor.

Um filme ao estilo de Forrest Gump (confesso que na altura não me ocorreu tal coisa mas depois de ler e ouvir algumas coisas esta ligação não é assim tão absurda) em que o mundo do personagem principal se vai alterando consoante as suas capacidades físicas vão aumentando.

Brad Pitt, depois do papel bem-humorado e acéfalo de Burn After Reading, tem novamente um óptimo papel no qual confirma as suas qualidades. Há quem diga que não foi a melhor escolha para o personagem, mas já se sabe que especular é fácil. Quanto a mim parece-me que ele esteve bem pois conseguiu interpretar bem o personagem em qualquer das idades. De salientar ainda que, o fazer todas as idades do personagem foi condição sine qua non para aceitar o papel.

Cate Blanchet, uma das melhores actrizes da actualidade corresponde com a habitual qualidade e Taraji p. Henson, ainda uma ilustre desconhecida, surge com um bom desempenho que lhe valeu uma nomeação para o óscar de melhor actriz secundária.

Um bom filme a não perder e que me parece será o inevitável derrotado na noite de 22 de Fevereiro.


The Curious Case of Benjamim Buton - David Fincher (2008)

Seven Pounds

Começa a ser hábito Will Smith trazer-nos por alturas de óscars um bom filme para visionarmos, mas a tentativa de repetir uma fórmula que ano passado resultou muito bem, este ano funciona menos bem.

Seven pounds é um filme que nos vais prendendo a atenção ao longo do filme, vai-nos cativando, levando à indagação de qual a lógica de tudo o que se está a passar até que, já perto do final tudo fica esclarecido (se calhar até esclarecido demais!), pelo menos para quem andou atento a alguns pormenores do filme.

Comparativamente com The Pursuit of Happyness, sendo ambos dramas tocantes e intensos, este filme é menos objectivo (mais "empastelado") e menos conseguido, apesar de ter um enredo ligeiramente mais complexo e intrincado mas também mais espremido.

Will Smith apesar de aparecer em bom plano, tem um papel que ao contrário do ano passado dificilmente lhe valerá uma nomeação para o óscar de melhor actor principal (sim, escrevi isto ainda antes de saírem os nomes dos nomeados que confirmaram as minhas suspeitas). Rosario Dawson não cativa só pela sua beleza, que é muita, mas pela sensação de credibilidade e segurança que a sua actuação transmite.

Um filme a ver que ficou aquém das expectativas.

P.S.: Obrigado à amiga Sofi pelo filme e companhia.


Seven Pounds - Gabriele Muccino (2008)

Once

Once é simples, com personagens e enredo simples, mas que resultam num filme muito bom com uma banda sonora genial e imperdível.

Não procurem neste filme cenas hollywoodescas, efeitos especiais, imagens de grande beleza ou um universo idílico e embelezado; é um filme despretensioso cuja única ambição é contar a uma pequena história sobre dois personagens sem qualquer tipo de embelezamento da realidade.

Não é um musical, mas quase que o poderia ser porque, ao contrário de por ex.: Mamma mia!, aqui as músicas não entram à martelada ou caídas de paraquedas sabe-se lá de onde, elas discorrem naturalmente do filme, fazem parte dele e as suas letras são imprescindíveis para o desenrolar da história.

Esta película ganhou o óscar de melhor música original contra 3 canções de Enchanted, um filme muito banal da Disney e uma de August Rush, um filme simpático e bastante agradável de se ver e ouvir. Para mim que apenas não vi a totalidade o filme da Disney (ao que parece não perdi nada!), este é um prémio justíssimo.

Este filme, a par de Juno (mais um daqueles que todos devem ver!), são os filmes independentes do ano passado, mas ao contrário de Juno este não chegou às salas de cinema em Portugal. A pergunta é sempre a mesma: que raio de critério é este?


Once - John Carney (2006)

Vals Im Bashir

Mais um filme de animação, recentemente premiado com um globo de ouro, que versa sobre o eterno conflito entre Israel e os países árabes em seu redor.

Ari Folman conta na 1ª pessoa a sua experiência da 1ª Guerra do Líbano (1982) e dos Massacres de Sabra e Chatila; é um filme biográfico e de guerra que mostra bem a violência e violação de direitos humanos que os conflitos religiosos provocam.

Fui atraído para ver esta película com a impressão de que seria "na onda" de Persepolis (2007) e, de certa forma não me enganei, mas quanto a mim é inferior ao referido filme em vários aspectos.

Apesar de perceber muito pouco do assunto, acho o traço de Persepolis mais bonito porque é mais simples e consegue ser mais expressivo. Para além disto, a fluidez de movimentos dos personagens neste filme é um pouco estranha, até pode ser uma marca pessoal ou estilo do autor, mas não gostei particularmente.
Depois porque Persepolis consegue narrar e mostrar melhor a história (o recurso a marionetas é um bom exemplo disso).
Para além disto, acho que "Valsa com Bashir" perde alguma dinâmica de filme por assumir a dada altura quase um tom documental. O que por outro lado é uma característica marcante deste filme, diferenciando-o do outro.

Contudo gostei muito do filme, a animação é muito interessante e a história ainda mais. Filmes como estes dois que referi neste post parecem ser o surgir de um novo género dentro da animação; género esse que se distancia dos filmes da Disney, Pixar e outros por nos mostrarem oi mundo real e por acreditarem que a animação também pode e deve ser para adultos.


Vals Im Bashir - Ari Folman (2008)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Australia

Australia é um filme que nos leva até um continente longínquo, que nos mostra paisagens tão díspares como o deserto e o mar.

Este filme de aventura, que nos mostra a "empreitada" de Lady Sarah Ashley (Nicole Kidman) e de Drover (Hugh Jackman), é aquilo a que poderemos chamar de filme épico, à semelhança de "Gone with the Wind" (1939) , "Out of Africa" (1985) e "The Wizard of Oz" (1939). Aliás, a música deste último filme é marcante nesta película de Baz Luhrmann.

Um bom filme que merece ser visto, apesar de quanto a mim nunca atingir a criatividade e genialidade de "Moulin Rouge!" (2001).
O "pãozinho-sem-sal" que é Nicole Kidman faz uma boa interpretação, bem como Hugh Jackman que encarnou muito bem o personagem. Destaque para Brandon Walters (Nullah) que para primeiro filme está muito bem.

De salientar ainda neste filme a temática dos aborígenes e de toda a política racista, segregacionista e desumana seguida pela Austrália até 1973. Até esta data, um australiano branco poderia matar um aborígene sem que isso constituísse qualquer crime. Para quem quiser através do cinema saber um pouco mais sobre este assunto recomendo vivamente o visionamento de "Rabbit-Proof Fence" (2002).


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Maratona Cinematográfica das Festividades

A época natalícia é sempre propícia ao visionamento de muitos filmes.
Este ano não foi diferente e, para ajudar o Pai Natal trouxe-me o H5N qualquer coisa de presente. Assim, depois de contribuir para o entupimento dum hospital local, aproveitei para ver várias películas.


Assim, entre 24 de Dezembro e 4 de Janeiro vi:

Over the Edge - Tim Johnson & Karey Kirkpatrick (2006)
Filme de animação bem simpático e ideal para a quadra vigente. Gostei de o ver, tens bons momentos de diversão combinados com algumas alfinetadas à nossa forma civilizacional. Bom filme ainda que não traga nada de novo ao género, tende a ser essencialmente um filme para a pequenada.


Vantage Point - Pete Travis (2008)
Filme com alguma originalidade cuja filmagem por certo terá requerido enormes cuidados e detalhes. A mesma história, a mesma cena é-nos mostradas de várias visões e ângulos de modo a através das partes depreendermos o todo. Apesar de não ser uma obra prima superou largamente as expectativas.

Before the Devil Knows You're Dead - Sidney Lumet (2008)
Perseguia este filme à muito, tentei vê-lo 3 vezes no cinema e acabei por vê-lo em casa. Este filme acompanha à vez 4 personagens durante os mesmos períodos de tempo, o que faz com que tenhamos por vezes partes de conversas repetidas durante o filme mas que nos são mostradas de outro plano. É um bom filme ainda que a espaços espastele um pouco.


Serpico - Sidney Lumet (1973)
Depois de ver
12 Angry Man (1957), também deste realizador, fiquei curioso para ver este filme; e devo dizer que não me desiludiu. Um grande drama, sobre um polícia incorruptível que luta contra todos os esquemas de extorção e corrupção vigentes na polícia Nova-Iorquina. Apesar de estar uns furos abaixo do filme de 1957, a todos os títulos genial e imperdível, este filme é também brilhante e conta com uma grande performance de de Al Pacino (nesta altura com uma voz muito estranha!).


Lemony Snicket's a series of Unfortunate Events - Brad Silberling (2004)
Já tinha viste este filme à muito tempo e esta foi uma boa oportunidade para o recordar. Divertido e com uma estética que a espaços se assemelha à de Tim Burton, é um bom filme de entretenimento que conta com um Jim Carey em bom plano.

Trainspotting - Danny Boyle (1996)
Uma viagem tresloucada pelo mundo da violência e da droga passada na Grã-Bretanha escocesa. Um filme violento, realista, cru e pouco polido, filmado de forma inteligente e interessante que fazem dele um dos melhores filmes que já vi. Foi uma surpresa ver o jovem
Ewan McGregor encaixar tão bem num papel deste tipo.


Charlie and The Chocolate Factory - Tim Burton (2005)
Confesso que já tinha visto este filme por 2 vezes e agora foi mais outra. Uma prestação brilhante de Johnny Depp, um filme repleto de criatividade e montanhas de chocolate sabem sempre bem rever.

007 Casino Royal - Martin Campbell (2006)
Mais um repetente. Vi o regresso em grande de 007 no cinema e, depois de ver a semi-desilusão que foi Quantum of Solace, soube muito bem recordar uma das melhores surpresas de 2006. Daniel Craig é um bond à minha medida, sem mariquices no martini e sem adornos nas vestimentas; esperemos que o próximo "Bond, James Bond" seja mais próximo de Casino Royal e menos da Triologia Bourne.

Barnyard - Steve Oedekerk (2006) Vs. The Incredibles - Brad Bird (2004)
Ora porquê 2 filmes juntos? e ainda por cima tão díspares em qualidade?
Porque estavam a dar à mesma hora em 2 canais de TV diferentes e eu comecei a ver um e acabei a ver o outro.
Escolhi ver o primeiro porque ainda não o tinha visto e arrependi-me amargamente; desisti logo no primeiro intervalo. Um filme de animação completamente intragável... a este sim chama-lo-ia de "apenas mais um filme de animação com animais". Optei então por recordar o filme do Sr. que entretanto também já nos trouxe Ratatouille (2007); The Incredibles é uma animação repleta de originalidade e com grande sentido de humor.

Click - Frank Coraci (2006)
Já algum tempo que tinha alguma curiosidade em ver este filme. Moderadas expectativas, resultam normalmente em agradáveis visionamentos pois apesar de não ser nada de especial o filme cumpre bem aquilo a que se propõe: divertir e dispôr bem.
Adam Sandler traz-nos um pouco mais do mesmo, parece que este actor não sabe fazer mais do que isto... talvez Reign Over Me me mostre uma faceta diferente, talvez ele consiga descolar um pouco dos papéis cómicos.


28 Days Latter... - Danny Boyle (2002)
Um bom filme de terror para animar, ainda que com alguns lapsos que me parecem demasiado infantis. Uma história bastante plausível, um enredo pouco forçado e uns zombies bem trabalhados colocam este filme na lista "a ver". Apesar disto, é difícil perceber o que vai na cabeça do realizador quando se vê algumas das personagens fazerem as coisas mais absurdas, coisas essas que por pouco não arruínam completamente o filme. Alguém no seu perfeito juízo, num mundo dominado por zombies noctívagos fotosensíveis decide atravessar um túnel, quando pode ir pela superfície?


Master and Commander: The Far side of the World - Peter Weir (2003)
Tinha com este filme uma relação de amor-ódio, pois apesar de ter ficado com algumas imagens e partes do filme gravados na memória, quando o vi no cinema não gostei. Não sei se é pelo facto de ter um pouco de biologia à mistura, de o filme ter uma faceta darwiniana, mas ficou retido na memória e agora, após novo visionamento, acho que é um bom filme e que mereceu de facto tantas nomeações para óscares técnicos.


The Constant Gardener - Fernando Meirelles (2005)
Mais um que ansiava por ver e que já me tinha sido recomendado por inúmeras pessoas. Mais um filme sobre as atrocidades que a humanidade comete em África; curiosamente tinha visto há algum tempo um documentário, também ele chocante, sobre a conduta da indústria farmacêutica no continente africano. Ralph Fiennes está muito bem e Meirelles parece ter um toque de Midas.

WALL·E - Andrew Stanton (2008)
Fui ver esta pérola ao cinema, mas não resisti a rever com o pessoal cá de casa. Este é provavelmente uma das melhores animações de todos os tempos, neste filme tudo foi pensado ao pormenor e o resultado final é soberbo. Espero sinceramente que não fique apenas pelo óscar de melhor animação que com facilidade ganhará.

Felon - Ric Roman Waugh (2008)
Este filme não estreou nos cinemas nem passou para dvd, basicamente passou ao lado do nosso país. Um bom filme de acção sobre um prisioneiro e os seus carcereiros corruptos.
Podia muito bem ter passado no cinema que para filme de acção até é bem interessante.

A maratona culminou com uma ida ao cinema para ver Australia de Baz Luhrmann, sobre o qual falarei posteriormente.