sábado, 29 de novembro de 2008

Madagascar: Escape 2 Africa

"I like to move it, move it!"
"He likes to move it move it!"
"We like to move it, move it!"
And I liked this movie, movie!


Ora aqui está mais uma pérola para a criançada (e não só!) nesta quadra natalícia.


O filme começa mais ou menos onde o outro terminou, em Madagáscar, e depois leva-nos até África onde os nossos 4 viajantes (ao quais se juntaram ainda 2 lémures-penduras e 4 pinguins-pilotos) vão entrar em contacto com os seus conterrâneos selvagens.

Como sidekick do filme temos ainda um reencontro espectacular entre a velhota e o Alex.


Uma história que causa boa disposição em qualquer espectador, mas cujo público alvo são essencialmente as crianças pela simplicidade do enredo. Apesar desta simplicidade, para os mais atentos será possível perceber algumas imagens de simpática "ferroada" na civilização humana.

Recomendo o visionamento (por exemplo a seguir ao Trade ou ao Blindness!) pois leva a umas boas gargalhadas, pelo menos a quem ainda tem a sua criança interior bem viva.



Madagascar: Escape 2 Africa - Eric Darnell & Tom McGrath (2008)

Cinemateca Portuguesa

Um dia destes, a convite do amigo Paulo (de quem já falei neste blog!) tive o imenso prazer de visitar pela primeira vez a Cinemateca portuguesa.

Lamentavelmente foi há noite e com pouquíssimo tempo. Ainda assim posso dizer que o espaço me agradou, que o achei acolhedor e catita e, como tal, pretendo lá voltar em breve com tempo para um chá no café que lá existe e quem sabe até com dinheiro para comprar algo na "livraria cinéfila" que por lá conheci.

A ocasião foi aproveitada para visionarmos um filme de John Carpenter: "Vampires".

Esta película segue a onda vampiresca de "From Dusk Till Dawn" e, conta claro com litros e litros de sangue.

O filme não é nada de especial mas valeu a pena conhecer a cinemateca.


Vampires - John Carpenter (1998)


P.S.: Obrigado pelo convite amigo Poli.

Body of Lies

Um filme de malta desconfiada que aborda a guerra no médio oriente e um pouco de toda a problemática cultural e religiosa.

Filme bom mas banal que vive essencialmente das duas estrelas do elenco de actores:
Leonardo DiCaprio e Russell Crowe.


Um DiCaprio em boa forma (tal como em
Blood Diamond) mostra que é um actor competente, cujas prestações raramente desiludem mas que ultimamente também não deslumbram.


Um Crowe versão badocha interpreta uma personagem cuja profundidade e dificuldade de encarnar ficam um pouco aquém das suas capacidades, um pouco como em
American Gangster e tendo em conta o que fez em A Beautiful Mind.


Uma cena a registar, a da tentativa de aperto de mão entre
Roger Ferris (DiCaprio) e Aisha (Golshifteh Farahani). Apenas um pormenor mas um promenor catita que deixa patente a diferença entre culturas.



Body of Lies - Ridley Scott (2008)

Blindness

"Ensaio sobre a Cegueira" é um filme perturbador que de certa forma até poderia ser qualificado como de terror.
Tem partes absolutamente dantescas que assustarão e chocarão o indivíduo mais empedernido... a não ser aqueles que são desprovidos de qualquer ética ou valores humanos.

Filme artisticamente muito bom e, segundo li, muito fiel à obra, inclusivamente de acordo com José Saramago. Confesso que ainda não li o livro e que não o pretendo fazer, pelo menos para já... acho que preciso de envelhecer para ter tempo, maturidade e paciência para ler algo deste Sr.

Os actores estão muito bem (só notei uma cena mal amanhada!), com destaque para Julianne Moore e Mark Ruffalo (Gael García Bernal, actor de quem gosto bastante, tem uma cena hilariante à Steve Wonder que apesar de sair um pouco da onda do filme foi muito divertida).

Esta película revelou-se algo polémica. Não foi bem aceite nos EUA (o que por si só não significa nada) e, mais engraçado que isso, é que lhe foram feitas criticas muito díspares, algumas muito simpáticas, outras muito ferozes e outras muito idiotas.
Debrucemo-nos sobre estas últimas que no mínimo têm o condão de nos divertir.

Ora, assumir que as tendências políticas do autor fazem com que esta obra não tenha qualquer valor parece-me, no mínimo, obtuso; mas, achar que nenhum estado trataria os seus cidadãos como é retratado no filme ou que, as pessoas do planeta terra não ficam bem retratadas pelos personagens é simplesmente palerma (ou então existe um mundo paralelo ao qual eu não tenho acesso nem conheço! sempre gostei desta teoria!).

Enfim, tudo é possível e, felizmente, cada um diz o que quer e pensa mas, o mundo em que vivo é mesmo aquele, "esculpido e escarrado"!


Blindness - Fernando Meirelles (2008)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Crónicas de uma viagem a Vila Real

A camioneta chega, é o 50. Mala arrumada, um beijo de despedida e entro na viatura. Procuro o lugar 32; em cheio, é mesmo o lugar que pretendia, logo atrás da porta traseira, aquele que tem mais espaço para a tralha. Ninguém ao lado, melhor ainda.
Um adeus carinhoso e aqui vou eu.

Procuro um dos livros que me acompanham. Banda desenhada, bom livro mas não chegou ao Km 100.

Baixam os LCD's. Óptimo temos filme.
Charlot!? Ok, é porreiro mas será o mais adequado?
Alguém discorda; portátil ligado, outro filme para ver. American Pie Presents Beta House. Opção interessante, pelo menos até chegarmos a uma cena mais quente. Foi impressão minha ou o cabelo grisalho da Sra. sentada no par de bancos ao dos jovens que apreciavam a cena ficou arrepiado?

Voltando ao Charlot , até teria sido boa opção não tivesse isso tido um efeito soporífero em mim.

A "siesta" foi retemperadora mas curta; não deu para babar o casaco mas foi suficiente para causar dor no pescoço.

Charlot continua... e eu de volta aos livros, agora de texto corrido e contemporâneo, "Entre Les murs"...
Telefonema do casal do banco de trás:
Sra. - INTÓN FILHA! TA TUDO BEM-NHE?
- ...
Sra. - UOH QUERIDA, TÁMUS QUASE A CHEGAR!
- ...
Sra. - SIM-NHE! TÁMUS QUASE A CHEGAR!

Ah que belo sotaque nortenho, que bem que soa ao tímpano, só é pena o volume estar avariado e infelizmente quase no máximo. Todo o autocarro está a par do telefonema.

Charlot prossegue mudo e agitado...
Mais umas páginas volvidas e o autocarro entra numa estação de serviço. Ah, a bexiga agradece e o estômago rejubila, mas... o autocarro arranca de novo!
Saiu um engravatado, entrou outro e o resto que se aguente.

Que tal uma mensagem para uma moça querida a quem devo um obrigado pela boleia? Até aproveito para contar...
Sra. - TOU, TOU SIM-NHE
- ...
Sra. - INTÓM COMO BAI ISSO?
- ...
Sra. - TÁMUS QUASE A CHEGAR.
- ...
Sra. - FALA AQUI CO MEU HÓME?
- ...
Sr. - TOU, TUDO BEM-NHE?
- ...
Sr. - HÃ!!! O QUÊÊ?
- ...
Sr. - jÁ TÁS NO PUORTO?
Sra. - ÓH HÓME, CLARO QUE JÁ LÁ TÁ!...

Delicioso sotaque, volume ainda avariado!

Mensagem concluída, enviada. Aguarda-se resposta.

De volta ao livro; Charlot oficialmente em loop!
Auto-estrada em obras, Porto à "vista"...
Sra. - TOU, TOU SIM.
- ...
Sra. - FOI?
- ...
Sra. - QUEM-NHE FOI QUE TE ARRANJOU? FOI O FÁBIO?
- ...
Sra. - HÃ!? FOI O FÁBIO?

Recolhem-se os LCD's, estamos a chegar à invicta; inquieta-se a maralha nos assentos.

Não sei por onde andamos na cidade mas os prédios são antigos e a traça interessante.

Garagem atlântico. É aqui que vamos parar? Bolas, ainda bem que o autocarro está em forma, foi preciso cá uma ginástica para ele caber.
A maralha arruma as trouxas.

Portas abertas, um fio de gente a sair. Bem se calhar também fazia alguma coisa pela bexiga e estômago que trago comigo.
Mensagem não respondida.

Dirijo-me ao condutor para saber o tempo de paragem. Ocupado!
Conversa com casal de asiáticos - pelos jeitos japoneses! - de road-book na mão:
Asiat. - Sau Bento?
Cond. - NÃO! BATALHA! - outro com o volume no máximo
Asiat. - Aaaaa... - olhando para o livrinho
Cond. - BA-TA-LHA! - ainda mais alto!

Bolas entre não perceber o idioma e ser surdo há claras diferenças! Indicador no mapa, problema resolvido. Agora eu
- Qual é o tempo de paragem?
- O autocarro sai ao 1/4 pás 6.
- Ah! (não foi isto que perguntei!?!?). Que horas são?
- 17h35
- Obrigado.

Olho em frente, um café. Sra. afável, sotaque bonito:
- Que deseja?
- Uma sandes de tortilha, uma merenda folheada e uma cola
- 3,30€
- Ta certo, obrigado

A merenda nem aqueceu lugar, o estômago agradece.

Casa-de-banho: alívio para a bexiga, náusea para o estômago.

De volta ao autocarro, pertences todos no lugar; receios infundados, é tudo gente séria.
Mensagem não respondida.

Ataco o resto do repasto a fim de acalmar o estômago e observo os novos passageiros.
Casal de velhotes baralhados com os n.ºs dos lugares. Decisão: sentar-se num lugar qualquer e esperar que ninguém reclame.
Mamã e bebé no banco de trás:
Mãe - Não estamos no séc. XXI
Bebé - ahaaa (palrar!)
Mãe - Isto é uma vergonha! Vamos trocar a fralda aqui não é bebé?
Bebé - (gargalhar)...

Hum... não cheira mal, foi líquido. Sorriso bonito, olhos esbugalhados, fralda mudado, cachopo feliz.

Nova ginástica para sair da garagem e aqui vamos nós rumo a Vila Real. Repasto quase terminado.

O velhote do casal dos bancos trocados vigia o condutor. A cada curva inclina-se para ver a estrada e confirmar a qualidade da condução. Temos um vigilante de condutor.
Mensagem não respondida.

No par de bancos ao lado do velhote o portátil volta a ligar-se. Desta feita não há filme, há internet-kanguru, o hi5 e as miúdas.
O vigilante não descuida a sua função, mas deita um olho para o ecrã do PC. O bebé de rabo fresco faz-se ouvir.

18h34 - Afinal há WC no autocarro!!! E está funcional. Só ao fim de 4h34 minutos de viagem percebi que o sofrimento da bexiga foi sem sentido.

O vigilante não relaxa, o bebé chora e o João Pestana chama por mim...

19h14 - Acordo com as luzes da cidade de Vila Real. Toca a arrumar os tarecos.

Chegámos. Deslizo para fora do autocarro, estico as pernas e sinto o frio da noite no rosto. Apanho as malas e dirijo-me para a pousada.


Uma palavra de apreço e agradecimento aos habitantes de Vila Real que tão bem me receberam. Gente simpática, acolhedora e prestável. Espero voltar em breve.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Trade

Ora aqui está um filme que, não sendo nada de especial, me incomodou e deixou alerta para um problema que, segundo me parece, é cada vez maior.
É bom ter consciência destas realidades e problemas, mas que foi duro ver este filme, lá isso foi!

"Tráfico, Bem-vindo à América" reflecte sobre o tráfico de pessoas (raparigas, rapazes e mulheres essencialmente) na sua maioria com um propósito sexual.

Não é um filme que prime pela originalidade, nem por um enredo brilhante mas, consegue ser incomodativo ao longo das suas 2 horas pelo carácter pouco ficcional que apresenta.


Mostra uma realidade desumana e incompreensível sobre a qual pouco sabia. Ficam os números para alertar consciências.
"Entre 50 mil a 100 mil pessoas são anualmente traficadas para os EUA"
"Cerca de 1 milhão de pessoas são mundialmente traficadas todos os anos"


Trade - Marco Kreuzpaintner (2008)

P.S.: Quando o decidirem ver tenham um bom filme de comédia pronto para ver logo a seguir porque de facto é um filme que nos deixa deprimidos.

Surf's Up

Revi este filme graças graças à vontade e capricho de uma mocita especial e ainda bem. Um retrato bem-humorado do universo surfista, mostrando por um lado a sua faceta competitiva e agressiva e, por outro a faceta mais cool e descontraída.

Apesar de ser mais um filme de animação, de não ser uma história extraordinária (é mais uma com pinguins!), esta obra é muitíssimo original pela forma como é "filmado".

Com ares de BioPic em modo behind-the-scenes, tudo foi "filmado" de câmara ao ombro, com entrevistas que vão interrompendo a história, microfones que aparecem durante as cenas e cameramens que interagem com os "actores". E não pensem que é por acaso, tudo foi minuciosamente pensado e elaborado de forma muito divertida.

Filme nomeado para os óscares de 2007, a par de Persepolis e Ratatouille, que recomendo vivamente a miúdos e graúdos.


Surf's Up - Ash Brannon & Chris Buck (2007)

Filme frânces igual a filme mau ou monótono?

Na sequência dos vários post's que fiz, sobre filmes franceses que vi recentemente, pareceu-me pertinente falar um pouco sobre o assunto em epígrafe.

Infelizmente não sou grande conhecedor em cinematografia francesa mas, a julgar pelo que tenho visto ultimamente, o cinema francês está bem e recomenda-se.

Parece-me a mim que, associar cinema francês a monotonia ou falta de qualidade, talvez seja um preconceito (cuja origem desconheço!); digo talvez, porque o meu universo de amostragem é pequeno e, ainda porque poderá ser apenas a minha percepção enviesada da realidade.

Contudo a pergunta que mais me intriga é: se as pessoas simplesmente não vêm filmes de origem francesa como podem elas opinar ou qualificar o cinema francês? É que para dizer bem ou mal eu, pelo menos devo fazer o esforço para conhecer (acho eu, se calhar não!).

Deixo então alguns exemplos de filmes franceses que vi (para além dos 5 que fazem parte dos post's deste blog) e que não vi mas que me suscitaram interesse e, como tal pretendo ver:

Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain - Jean-Pierre Jeunet (2001) - É quase um lugar comum falar neste filme quando se fala de filmes franceses. Um grande filme que quem não viu deve ir a correr tratar desse assunto.

La Graine et le mulet - Abdel Kechiche (2007) - Belo filme que também já tive o prazer de ver. Filme com o qual me identifiquei em algumas cenas, é um filme acolhedor e com pormenores interessantes em termos sócio-culturais.

Sukkar banat - Nadine Labaki (2007) - Uma bela comédia de cabeleireiro muito original, passada no Líbano, que tive a oportunidade de ver num Nimas a transbordar de gente.

Nikita - Luc Besson (1990) - Mais um que já vi e que também gostei.

Paranoid Park - Gus Van Sant (2007) - Vi este 2 vezes, recomendo vivamente. Filme com cenas filmadas em sakates.

Léon - Luc Besson (1994) - Este ainda não vi mas parece-me que será uma magnífica experiência cinematográfica.

Indigènes - Rachid Bouchareb (2006) - Conto ver este em breve. Filme sobre soldados africanos que se alistam no exército francês para lutar contra os nazis que após a guerra são marginalizados.

Angel-A - Luc Besson (2005) - Comédia a preto e branco, com o mesmo actor principal que o filme anterior. Tentei ir vê-lo ao cinema, afinal era um erro no site e tive de aturar 2 horas de uma americanice qualquer, o que vale é que ficou o filme referenciado!

Irréversible - Gaspar Noé (2002) - Não me lembro como descobri este filme mas sei que envolve cenas de violação muito verosímeis e que decorre em ordem cronológica inversa.

Ainda em francês há sempre a triologia Astérix et Obélix para animar a pequenada.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

La Môme

Ora aqui está um filme sobre o qual é um pouco difícil estabelecer opinião.
Se gostei? sim.
É um dos filmes que ficará para a história? hum, não me parece!
Então e o óscar foi bem atribuido? sim, muito bem atribuido.
Mas vamos por partes.

Este filme é um BioPic sobre a Edith Piaf. O filme é difícil de seguir pois "saltita" entre vários períodos da vida da artista não mantendo sempre uma ordem cronológica (apesar de o fio condutor ter de facto ordem cronológica!).

Para mim, que desconhecia a vida da artista, foi uma grande surpresa a imagem da vida e da personalidade que é transmitida pelo filme. Não esperava alguém com uma vida tão complicada, com uma personalidade tão desequilibrada e desassossegada.

Quanto a Marion Cutillard, fiquei deveras impressionado, acho que a sua actuação roça a perfeição e que este desempenho servirá de exemplo para muita gente. Ela interpreta as várias fases etárias e artísticas da personagem de forma exemplar (a postura corporal, os tiques, os devaneios) não descurando em momento algum qualquer pormenor. Fiquei curioso para saber se ela também intrepretou as músicas, apesar de me parecer que não é o caso.

Lamenta-se o facto de este filme não ter tido espaço nos cinemas portugueses e ter passado directamente a DVD. Com tanta porcaria que chega às salas de cinema não havia uma salinha ou duas para por este filme?


Paris

Filme composto de muitas histórias que se cruzam e relacionam de várias formas, tendo na base um personagem que abdica de viver e passa a observar a vida dos outros.

De referir que, algumas destas histórias podiam aparecer mais, ou estar mais bem trabalhadas, ex.: o vagabundo sobre o qual nada chegamos a saber ou a história do emigrante ilegal que poderia ter sido mais desenvolvida.

Esta película conta com a participação de
Juliette Binoche, actriz cujas rugas já se vão notando mas que continua bela e elegante. Durante o filme, brinda-nos com um striptease envergonhado e atabalhoado (em concordância com a sua personagem!) mas muito interessante e capaz de deixar qualquer senhor derretido.

Filme pausado, calmo e sereno cuja primeira parte me pareceu um pouco fastidiosa, já a segunda foi bem mais interessante e envolvente. Resultado final: um filme agradável para se ver.


Paris - Cédric Klapisch (2008)

domingo, 16 de novembro de 2008

Bienvenue Chez Les Ch'tis

"Bem-vindo ao Norte" foi uma agradável surpresa e 106 minutos de grande humor e boa disposição.

Uma comédia simples que usa de forma exemplar os regionalismos e a língua francesa para nos divertir, sendo o dialecto de uma região do norte de França o principal veículo para as gargalhadas.

Apesar do enredo simples é uma comédia genuína e refrescante que me deixou com imensa vontade de conhecer "
Nord Pas de Calais" e os seus habitantes.


Este é o filme mais visto de sempre em França, detendo também o recorde de facturação na primeira semana. Infelizmente tem passado um pouco despercebido por Portugal e não há muitas salas onde o possam ver.


Bienvenue Chez Les Ch'tis - Dany Boom (2008)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

DocLisboa (Parte 3) - "The Lie of The Land"

Este foi o 2º documentário que vi no DocLisboa e aquele de que mais gostei pois levou-me a questionar aquilo que pensava ser ou não correcto.

Esta película reflecte sobre a aplicação das leis comunitárias à realidade do Reino Unido no que diz respeito a agricultura e pecuária. É um filme pungente e chocante com imagens fortes e por vezes violentas (pelo menos para quem sabe o que é ética animal!) e por isso pouco recomendável a pessoas mais impressionáveis.

A autora é completamente parcial na sua abordagem, mostrando apenas o lado dos agricultores e criadores de gado, o que me leva a pensar que uma fita com o outro lado da história seria interessante para melhor percepcionar a totalidade da problemática.

Concluindo, gostei muito deste documentário pelo agitar de consciências e convicções que proporcionou, é sempre bom quando o nosso "castelo de cartas mental" é derrubado.

The Lie of The Land
- Molly Dineen (2007)

sábado, 8 de novembro de 2008

DocLisboa (Parte 2) - "In the Land of the Cranes"

Esta pequena curta-metragem versa sobre a construção de uma mega-ponte na china que irá ligar Xangai à ilha de Chongming. A referida ilha, fica no estuário do rio Yangtze e resulta da deposição de sedimentos.

Este lugar à beira de uma cidade como Xangai é ainda uma zona agrícola e, uma das mais importantes reservas naturais do mundo. Por exemplo, serve de local de descanso e abrigo para aves que fazem migrações da sibéria e alasca para a oceânia.

Todos sabemos como funcionam as coisas na china, ninguém dos habitantes e trabalhadores sabe muito bem o que vai acontecer à ilha e muito menos ousa sequer opor-se ao que quer que seja. Mas, não fosse isto suficiente, há ainda um projecto britânico de construção de uma eco-cidade na referida ilha, que de eco(lógica) parece apenas ter o prefixo.

A autora, com a ajuda de 2 estudantes que lhe serviram de guia, mostra a ilha, os seus habitantes e as actividades essenciais que nela se desenvolvem, deixando espaço para “silencios narrativos” que nos permitem experienciar o ambiente da ilha.

Este documentário peca apenas por ser demasiado curto, 29’ não chegam para dissecar esta problemática. Contudo está muito bem conseguido, é objectivo.


In the Land of the Cranes (Lisa Hangstrand, 2008)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

DocLisboa - Parte 1

Para os menos atentos, o DocLisboa traz até Portugal o que de melhor se faz no mundo ao nível de documentário. Mais, é o único festival de cinema em Portugal exclusivamente dedicado ao documentário.

Este certame já vai na sua 6ª edição e já se estabeleceu como um dos melhores festivais de documentários do mundo. Este evento, organizado pela Apordoc - Associação pelo Documentário, tem como principais objectivos mostrar filmes interessantes e multi-premiados, mas sobretudo dar a conhecer de forma sistemática a cinematografia de outros países. Para além disto, faz algo que para mim é ainda mais interessante e importante: promove o debate e a reflexão sobre temas contemporâneos, i.e., incita as pessoas a abrirem os horizontes e a pensarem.

Tive este ano o prazer (e também a disponibilidade!) de ir a uma sessão em que visionei 2 filmes.

Entre Les Murs

E pronto aqui está o segundo post que fiz e que o amigo Poli publicou no seu blog. A ele um grande obrigado.
“A Turma” oscila entre a ficção e o documentário mostrando-nos os mais variados problemas do ensino e a sua interacção com alguns problemas sociais.

O filme vencedor da Palma de Ouro em Cannes consegue mostrar-nos o que se passa dentro de uma sala de aula de uma forma muito crua, humana e realista e ainda de um modo tão abrangente que só pelas origens dos alunos podemos reportá-lo para a realidade francesa... tivessem eles raízes cabo-verdianas, angolanas, moçambicanas, Ucranianas, brasileiras, etc e estaríamos na presença de uma turma de uma qualquer escola em Portugal.

Tanto os alunos como o professor (François Bégaudeau – autor do livro que deu origem ao filme), não sendo actores estão soberbos. Talvez seja esse um dos segredos do filme, pessoas normais que não têm de encarnar personagens, têm apenas de ser elas próprias.

Resta dizer que a sessão a que fui -estava quase vazia! - contou com a presença de alguns professores que infelizmente não se abstiveram de comentar o filme (às vezes de forma bastante idiota!) durante toda a sessão. Conclusão: os professores quando vão ao cinema comportam-se como os seus alunos problemáticos nas salas de aula.

Entre Les Murs - Laurent Cantet (2008)
Nota: 4,5/5 ou 8,5/10

Persepolis

Este foi o primeiro post que fiz no blog do Paulo. Aqui fica o comentário que fiz a um dos melhores filmes de 2007.

Persepolis, o mundo pelos olhos de uma criança!

Uma comédia sobre tragédias, mostrando os dramas da vida de uma rapariga, igual a tantas outras neste mundo...é assim este excepcional filme de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi. E sim, não referi propositadamente que é animação, primeiro, já todos o sabemos, segundo, acho que o filme ganhou com esse facto, e depois porque, sendo tão envolvente é algo do qual não nos damos conta durante o visionamento.

O argumento é baseado na vida de Marjane Satrapi, iraniana de nascença e cidadã europeia por opção. Esta senhora tem uma bela história de vida, atravessou uma revolução, uma guerra, uma adolescência solitária e ainda, a vivência num país teocrático muçulmano e conservador. Segundo Satrapi, este filme é um enaltecimento ao Irão e ao seu povo, no entanto, o governo deste país (que no filme faz bastante má figura!) não o encarou assim protestando junto da embaixada francesa no irão e pressionando a organização do festival de cinema de BangkoK para que o retira-se do programa.

Este filme tem a capacidade de mostrar realidades familiares (guerras, revoluções, sociedades, culturas, etc!) por perspectivas invulgares (apesar de os” olhos” serem sempre os mesmos!), proporcionando boas gargalhadas e algum enriquecimento cultural.

Os desenhos pouco coloridos de traço simplista, e portanto pouco apelativo, juntamente com o argumento autobiográfico e realista tornam esta animação pouco recomendável a crianças.

Resta-me dizer que talvez merecesse um pouco mais nos óscars não só na categoria onde esteve nomeado (e já vi os outros 2 nomeados!), como até em outras categorias.
Ide ver, ide ver!!!

Persepolis - Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi (2007)

Porquê um Blogue?

E porque não! Esta é uma boa forma de tecer alguns comentários sobre os filmes que vou vendo ou que quero ver e não só, outros assuntos surgirão. Sim, o blogue é na essência sobre cinema, o que não quer dizer que não possa comentar outros assuntos que me apeteça, afinal o estaminé é meu!

Esta é uma boa forma de ir praticando a escrita – criativa ou não, veremos! - e de opinar sobre a 7ª arte, arte esta que me agrada particularmente. Por outro lado, espero (optimisticamente) interagir com outros opinadores, por isso façam favor de ir comentando.

E ainda... porque sim!

Fica desde já, um agradecimento ao amigo Poli. Foi ele que me incentivou a isto e que até me deixou fazer 2 posts no seu blog (www.addcritics.blogspot.com)